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    Maus Hábitos

    Transtornos alimentares no cinema.

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    Malos Habitos

    Produção
    México / 2007
    Direção
    Simon Bross

    Sinopse do filme

    Matilde (Ximena Ayala) é uma jovem freira que inicia um jejum místico para impedir uma inundação, que acredita estar por vir. Elena (Elenia de Haro) é uma mulher linda e magra, que tem vergonha do peso de sua filha, Linda (Elisa Vicedo), e pretende fazer de tudo para que ela emagreça até sua 1ª comunhão. Ao mesmo tempo o pai de Linda, Gustavo (Marco Antonio Treviño), redescobre o amor nos braços de uma estudante chamada Gordinha (Milagros Vidal), que também é apaixonada por comida.

    Temáticas para debates sobre o conteúdo deste filme estarão disponíveis em breve neste espaço.

    A arte imita a vida: o cinema como recurso didático e ferramenta metodológica

    ”O filme pode ser visto como um produto oriundo do campo da arte que apresenta questões que podem ser pensadas a partir de uma abordagem científica, trazendo para a sala de aula assuntos do cotidiano dos estudantes e do currículo convencional, mas tratando os temas de forma lúdica, gerando empatia e criando uma abordagem que permita, ao mesmo tempo, que o professor possa expor diferentes perspectivas sobre o tema e que o aluno apresente suas opiniões pessoais, valores morais, posições políticas e ideológicas, tudo isso de forma didática e agradável. Os sintomas de transtornos alimentares apresentados pelos personagens podem ser discutidos em seus aspectos clínicos e podem ser analisados como um caso concreto, na medida em que este retrata o que acontece cotidianamente na clínica e, muito provavelmente, na própria sala de aula”. (p.37)

    “No filme ‘Maus hábitos’, as situações expostas retratam uma realidade que é compartilhada por muitas pessoas em diferentes faixas etárias e nacionalidades. Chama a atenção o fato de ser um filme mexicano, mas que poderia ter sido feito no Brasil, nos EUA, na Espanha ou na Austrália. 

    Trata-se de uma questão comum nas sociedades urbanas ocidentais e os tipos humanos retratados ali causam empatia justamente pela proximidade e pela familiaridade, pois pode acontecer algo parecido no cotidiano. A preocupação com a imagem corporal entre mulheres, com a magreza, o preconceito contra os(as) gordinhos(as), o alto índice de bulimia entre as estudantes adolescentes, os mecanismos criados para inibir o apetite ou ludibriar o controle dos pais, as privações, os delírios, os indícios que permitem perceber alguns transtornos alimentares – enfim, tudo o que acontece na tela é familiar para quem lida com esses transtornos e percebe seus ‘indícios e sinais’, seja no ambiente profissional ou familiar”. (p. 39)

    “Nos transtornos alimentares, o comer e o beber não estão disponíveis a serviço do bem-viver..."

    Trechos extraídos do capítulo
    "Maus hábitos à mesa: a anorexia no cinema"
    ,
    do livro Consumo, Comunicação e Arte, Série Sabor Metrópole, vol. 3, Editora CRV, 2015.

    A anorexia e bulimia no filme

    “Nos transtornos alimentares, o comer e o beber não estão disponíveis a serviço do bem-viver e a alimentação saudável fica misturada com o veneno tóxico de uma ingestão emocional imprópria. O alimento, antes de ser nutriente, é um modo de lidar com o alimento da alma, com os afetos, com a sexualidade, com os símbolos sociais e com os desejos inconscientes. No filme, cada personagem demonstra isso de uma forma, e perceber a maneira como os sinais e sintomas são demonstrados é uma tarefa árdua, porém gratificante. Foram várias sessões do filme para poder descolar da trama e perceber os detalhes escondidos nos gestos mais banais, seja na forma como Elena arruma a pasta de dentes na pia (e revela o seu transtorno obsessivo compulsivo), ou como Linda esconde os biscoitos na barriga de seu bichinho de pelúcia uma mãe canguru (uma metáfora do cuidado materno). São pequenos detalhes que fazem toda diferença e tornam o filme um bom objeto de estudos”. (p.53)

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