Filmes em debate
Garapa

Segundo a ONU, mais de 920 milhões de pessoas sofrem de fome crônica no mundo. O significado desses números depende da nossa compreensão do que significa “passar fome”. Geralmente, os meios de comunicação discutem a fome a partir de uma perspectiva macroscópica. Fornecem-nos números e debates sobre as suas causas ambientais, geográficas, econômicas e políticas. No entanto, nos deixam sem saber como vivem as pessoas que passam fome. Para que se compreenda o real significado do problema, é necessário conhecê-lo de perto. “Garapa” é o resultado dessa preocupação.
Dirigido por José Padilha, mesmo diretor de Ônibus 174, Tropa de Elite e Tropa de Elite 2, o premiado documentário Garapa acompanha a vida de três famílias no estado do Ceará em suas buscas por estratégias de sobrevivência diante das mais adversas condições. À frente dessas famílias estão Rosa, Robertina e Lúcia.
Temáticas para debates sobre o conteúdo deste filme estarão disponíveis em breve neste espaço.
O sentido social da fome
“Diferente dos documentários dos anos 2000, que tinham como pauta a beleza, felicidade e potência dos pobres, Garapa trata da impotência, dor e feiura da pobreza, explícita na estética do filme. As crianças com corpos nus, revelando as consequências da subnutrição, expostas a condições insalubres causam incômodo no expectador. As condições sanitárias, assustadoras, retratam o desleixo das autoridades com aqueles que ali vivem. São locais esquecidos, sem infraestrutura compatível com a vida” (p.213).
“Como aponta Padilha (diretor José Padilha), em um uma de suas entrevistas, a fome em Garapa não é uma abstração, uma formulação teórica. A fome é um ronco no estômago, uma correria para esquentar o leita que resta para três crianças que choram, uma casa sem móveis, um chinelo gasto, uma parede para pintar, crianças sem escola. Para ele, isso tudo seria somente a ponta do iceberg de um Brasil ignorado, mas que precisa ser visto para ser entendido e, principalmente, transformado” (p. 231).
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"Garapa trata da impotência, dor e feiura da pobreza, explícita na estética do filme"