Filmes em debate
Man
Um curta de animação de Steve Cutts que traz forte crítica ao modelo de consumo em pleno desenvolvimento no mundo atual.
Animação criada em Flash e After Effects olhando para o relacionamento do homem com o mundo natural. Música: In the Hall of the Mountain King by Edvard Grieg.
Desperdício e consumo
O consumo de bens materiais ou simbólicos é marcante na sociedade contemporânea. E com ele, o descarte e o desperdício. Temáticas e conceitos relacionados à sociedade de consumo impõem-se, aparentemente, de modo naturalizado, embora nem sempre cristalino.
Chama-nos atenção os usos e consumos que fazemos do que permeia nosso cotidiano. Esta é uma grande oportunidade para pensarmos a saúde, a cultura, as subjetividades e as moralidades da educação na escola e na vida.
“Na atualidade, o conceito de consumo se caracteriza como lócus de indagação sobre as proposições teóricas ‘clássicas’ acerca da sociedade de massa, das culturas midiáticas e do fenômeno do consumismo, tornando-se fundamental refletir sobre as variadas ações e contextos: os modos de inserção, participação, educação e cidadania; as questões relativas ao mundo produtivo e do trabalho; as tecnicidades; as materialidades, mediações e medialidades; a articulação entre ética e estética; os projetos de desenvolvimento; as demandas por sustentabilidade; a construção das identidades dos sujeitos sociais; as memórias, narrativas, sensórios, sociabilidades e imaginários emergentes nas culturas midiáticas e do consumo” (p. 16)
Falando a respeito | vídeos
“Problematizar as práticas e o ciclo do consumo, na sua dimensão material e simbólica, significa enfrentar uma temática de complexidade, que entrelaça as dimensões estruturais da sociedade às experiências mais corriqueiras e ordinárias de nossa vida cotidiana” (p. 16)
Sugestões de leitura
A Sociedade de consumo
"À nossa volta, existe hoje uma espécie de evidência fantástica do consumo e da abundância, criada pela multiplicação dos objetos e dos serviços, dos bens materiais, originando como que uma categoria de mutação fundamental na ecologia da espécie humana." (p.15)
Como explica Baudrillard (1995) "a felicidade constitui a referência absoluta da sociedade de consumo" (p.47).
“O objeto perde a finalidade objetiva e a respectiva função, tornando-se [...] termo de todas as significações.” (p. 146)
Trechos extraídos do livro
BAUDRILLARD, J. A Sociedade de Consumo. Lisboa: Edições 70, 1995.
Hiperconsumo
“Apoiando-se na nova religião da melhoria continua das condições de vida, o melhor-viver tornou-se uma paixão das massas, o objetivo supremo das sociedades democráticas, um ideal exaltado em cada esquina. [...] Aparentemente nada ou quase nada mudou: continuamos a evoluir na sociedade do supermercado e da publicidade, do automóvel e da televisão. No entanto, nas duas últimas décadas, surgiu uma nova ‘convulsão’ que pôs fim à boa velha sociedade de consumo, transformando tanto a organização da oferta como as práticas quotidianas e o universo mental do consumismo moderno: a revolução do consumo sofreu ela própria uma revolução. Uma nova fase do capitalismo de consumo teve início: trata-se precisamente da sociedade de hiperconsumo”. (p. 7)
“Queremos objetos ‘para viver’, mais do que objetos para exibir; compramos isto ou aquilo não tanto para ostentar, para evidenciar uma posição social, mas para ir ao encontro de satisfações emocionais e corporais, sensoriais e estéticas, relacionais e sanitárias, lúdicas e recreativas.” (p. 36)
“O hiperconsumidor já não procura tanto a posse das coisas por elas mesmas, mas, sobretudo, a multiplicação das experiências, o prazer da experiência pela experiência, a embriaguês das sensações e das emoções novas” (p. 54)
"Consumo emocional" (p.45), propicia "experiências afetivas, imaginárias e sensórias" (p.45)
A relação do consumidor com as marcas e com os signos do consumo, "psicologizou-se, desinstitucionalizou-se, subjetivou-se" (p.49).
Trechos extraídos do livro
LIPOVETSKY, G. A felicidade paradoxal - Ensaio sobre a sociedade do hiperconsumo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
Descarte e desperdício
“Entre as maneiras com que o consumidor enfrenta a insatisfação, a principal é descartar os objetos que a causam. A sociedade de consumidores desvaloriza a durabilidade, igualando ‘velho’ a ‘defasado’, impróprio para continuar sendo utilizado e destinado à lata de lixo. É pela alta taxa de desperdício, e pela decrescente distância temporal entre o brotar e o murchar do desejo, que o fetichismo da subjetividade se mantém vivo e digno de crédito, apesar da interminável série de desapontamentos que ele causa. A sociedade de consumidores é impensável sem uma florescente indústria de remoção de lixo. Não se espera dos consumidores que jurem lealdade aos objetos que obtém com a intenção de consumir” (p. 31)
“Entre as preocupações humanas, a síndrome consumista coloca as precauções contra a possibilidade de as coisas (animadas ou inanimadas) abusarem da hospitalidade no lugar da técnica de segurá-las de perto, da vinculação e do comprometimento de longo prazo (para não dizer interminável). Também encurta radicalmente a expectativa de vida do desejo e a distância temporal entre este e sua satisfação, assim como entre a satisfação e o depósito de lixo. A ‘síndrome consumista’ envolve velocidade, excesso e desperdício” (p. 111)
Trechos extraídos do livro
BAUMAN, Z. Vida para consumo – A transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Zahar, 2008
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